sábado, 17 de maio de 2008



Encontrei uma preta

Que estava a chorar

Pedi-lhe uma lágrima

Para a analisar.


Recolhi a lágrima

Com todo o cuidado

Num tubo de ensaio

Bem esterilizado.


Olhei-a de um lado,

Do outro e de frente:

Tinha um ar de gota

Muito transparente.


Mandei vir os ácidos,

As bases e os sais,

As drogas usadas

Em casos que tais.


Ensaiei a frio,

Experimentei ao lume,

De todas as vezes

Deu-me o que é costume:


Nem sinais de negro,

Nem vestígios de ódio.

Água (quase tudo)

E cloreto de sódio.



António Gedeão